terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
Poema da morte de Shakespeare
SONETO LXV
William Shakespeare
Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.
Luan Santana - Te Vivo
Uma musica para demonstrar que a vida passa rapido e que tudo o que temos de fazer é viver o dia à dia
Fonte: https://youtu.be/dWpGsK8Md28
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Estudo da poesia de
Fernando Pessoa
A poesia é a única parte da literatura que não
tem uma definição apropriada de maneira geral, ela é tão antiga quanto à sua
existência. Você saberia responder o que é poesia? Para que serve a poesia? Ou
então, por que muitos tentam e só alguns conseguem criar poesias? Para provar a
antiguidade dessas questões, existe o livro A República, de Platão, no qual o
filósofo grego debatia estas questões levantadas no começo do parágrafo.
Uma das definições da poesia vem do termo latim
poēsis, que, deriva de um conceito grego. Trata-se da manifestação da beleza ou
do sentimento estético através da palavra, podendo ser sob a forma de versos ou
de prosas. Em todo o caso, o seu emprego mais usual está relacionado com os
poemas e com as composições em verso. Tomado de: http://conceito.de/poesia
Ao falarmos da poesia existem muitos nomes que
farão referencia imediata com este estúdio, mas, na língua portuguesa existe um
homem que foi capaz de mudar os pensamentos e as caraterísticas de grandes
poetas, leitores e inclusive escritores dos séculos passados; esse poeta leva
como nome Fernando Pessoa, escritor, tradutor e poeta vanguardista.
Por um lado, a poesia pode ser evolutiva porque
ela vai sempre depender de quem a escreve, neste caso fala-se de Fernando
Pessoa e Alberto Caeiro, num referente de três poemas: Quando vier a primavera,
A morte chega cedo e O menino de sua mãe; nos quais as ideias podem parecer
semelhantes e inclusive ter um fio condutor parecido, mas a intenção e os sentimentos
são mostrados de maneiras diferentes.
Quando vier a primavera, é um poema escrito por
Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando pessoa, no qual o tema principal
é a morte, uma morte diferente, uma morte que a pessoa já conhece uma morte
aceite, uma morte cheia de vida por nela o processo natural esta composto pelo
processo evolutivo da humanidade; é isso o que o poeta mostra em cada verso e
em cada uma das palavras utilizadas.
A morte chega cedo, neste poema Pessoa fala de
maneira objetiva da vida e da morte que muitos tendem a ignorar. Não importa a
classe social ou a raça ou o amor pela vida, um dia todos falecem, pois a morte
chega cedo. As pessoas podem viver hoje e falecer amanha, pois a morte é
imprevisível e uma das piores coisas em morrer é acabar a vida sem ter feito o
que mais queríamos, e é justamente isso o que o autor quer dizer-nos, o que eu
também poderia nomear de Carpe Diem em lati, pois, às vezes temos de viver como
se fosse o ultimo dia.
O menino de sua mãe, é outro dos poemas fortes
de Pessoa no qual pode-se ver: a presença da vida, a dor da família, a
juventude do menino e a morte já materializada; além disso, percebe-se a
presença da mãe em cada uma das linhas, pois, só uma mãe poderia relatar a
perca de seu filho. Não obstante, também poderia ser o próprio Pessoa quem pode
estar falando da sua via e de como a juventude que ele tinha foi desaparecendo.
Por outro lado, estão as caraterísticas de cada
poeta, neste caso Pessoa caracterizava-se por: mostrar uma identidade perdida,
ter consciência do absurdo da existência, apresentar a sinceridade, fingimento, consciência,
inconsciência, sonho e realidade, mostrar a
oposição dos sentimentos, dos pensamentos. Além disso, ele mostrava o
anti-sentimentalismo através da intelectualização
da emoção e por ultimo a auto-análise que ele deixava em suas obras.
Enfim, a poesia vai mostrar sempre distintos
aspectos que possam ser diretos ou indiretos, mas os sentimentos sempre farão
parte dela; justo isso nos mostrou Pessoa, e, sobre tudo está presente a
aceitação da morte e o gozo da vida para não ter coisa alguma de que se
arrepender.
A Morte Chega Cedo
A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.
O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.
E tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.
Fernando Pessoa, in 'Cancioneiro'
// Consultar versos e eventuais rimas
O Menino de Sua Mãe
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Fernando Pessoa, in 'Antologia Poética'
Quando Vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa
// Consultar versos e eventuais rimas
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